16/01/2012

O brilho perdido: Verona

O jogo de oitavas de final da Coppa Itália de 2012 entre Lazio e Verona me fez lembrar um time que não poderia faltar na minha série dos times que brilharam no passado, mas hoje vivem de glórias antigas. Apesar de hoje ser o segundo time de Verona, o Hellas tem muito mais história que seu rival, o Chievo, e vem fazendo de tudo para recuperar o tempo e o prestígio perdido.



Com o futebol italiano dominado pelo eixo Turim-Milão-Gênova há alguns anos, a cidade de Verona não tinha um representante à altura. Em outubro de 1903, alunos de uma escola, unidos ao professor de língua grega, que já jogavam juntos, fundam o AC Verona. E engana-se que as aulas foram em vão. Dela surgiu o nome do time, Hellas (Grécia, em grego), em homenagem ao país. Dos estudantes, Fratta Pasini foi escolhido como primeiro presidente, capitão e goleiro da equipe gialloblu.

Os primeiros jogos, até 1910, eram totalmente amistosos, mas fez surgir uma rivalidade histórica. O Vicenza, de cidade com mesmo nome nas proximidades de Verona, tornou-se o principal rival regional dos Scaligeri.
Como o calcio não era o forte na cidade, não havia estádios decentes. Sem estádio era impossível disputar competições oficiais, em torneios que valiam vaga na liga nacional. Com o futebol se profissionalizando no final da década de 1920, o Hellas se viu obrigado a fundir para poder sobreviver. A escolha foi unir forças com o Instituto Bentegodi, famoso pela prática de ginástica e esgrima, mas para isso, era preciso que o Hellas adotasse o nome da cidade, formando assim o AC Hellas Verona. Assim, conseguiria um estádio oficial.

Para o primeiro campeonato nacional, sem necessidade de classificação regional, o Verona, devido a pouca tradição é relegado a disputar a série B. E o calvário da segunda divisão não foi fácil. Nos primeiros anos, até havia perspectivas de acesso, mas que sempre esbarravam em algo. A partir da temporada 1933-34, o sonho de disputar a primeira divisão no novo formato ficava mais distante. Pouco antes do início da Segunda Guerra, o time amarelo e azul cai para a terceira divisão, permanecendo por dois anos.

Somente na temporada 1956-57 que o Hellas alcança o sonhado acesso. Foram 28 anos que demoraram a passar. Porém, em seu primeiro ano na elite, termina o campeonato na 18ª posição, sendo rebaixado novamente à série B. Foram mais dez anos até retornar à primeira divisão, sob o comando do ex-ídolo do Milan, Nils Liedholm e conseguir uma boa sequência na elite. Dez anos interrompidos apenas na temporada 73-74, quando, por decisão do CAF (Centro de Assistência Fiscal), o time passou mais um ano na segundona.

A temporada 1975-76 marcou o primeiro grande resultado da equipe do norte da Itália, a chegada à final da Coppa Itália. Mas na final é derrotado pelo Napoli por sonoros 4 a 0. Nada que impedisse a honrosa campanha na qual chegou a superar Torino, Lazio e Inter, esse último por duas vezes.

Mais três anos na segunda divisão até retornar à elite e se consolidar como um grande time. Com boas campanhas na primeira divisão e duas finais de Coppa Itália seguidas (perdendo para Juventus e Roma) o time entrava em um patamar diferente. Porém ainda faltava um título.

E o tão sonhado scudetto veio na temporada 1984-85. Com uma campanha irrepreensível, somando 43 pontos nos 30 jogos (lembrando que a vitória valia dois pontos) e somente duas derrotas, os gialloblú conquistam o inédito título tendo como destaque o meia Briegel e o atacante Elkjaer. A temporada do título veronese veio junto de uma polêmica, pois esse foi o primeiro campeonato em que os árbitros foram escolhidos através de sorteios, a fim de limpar a imagem dos escândalos de apostas no início da década e, muitos creditaram a isso às más campanhas de times tradicionais, como Juventus. Na Champions League o time não foi longe. A eliminação na segunda fase (o torneiro era realizado de forma mata-mata) foi para a Juventus, time cujo qual estava acostumado a vencer em torneios locais.

A má campanha na Série A, fez com que o Verona se desfizesse de alguns de seus titulares. Sem contar com dois de seus pilares na conquista do título italiano, Brieger e Galderisi que se transferiram para Sampdoria e Milan, respectivamente, o time azul e amarelo ainda encaixou uma boa campanha no campeonato italiano, com um 4º lugar.

Mas, daí pra frente o time não conseguiu engrenar. Entre idas e vindas na série B, o Verona disputou sua última temporada na primeira divisão em 2001-02. Após isso até na quarta divisão os Scaligeri chegaram, muito em função das enormes dívidas que o time acumulou. E o pior de tudo, viu o Chievo, seu rival local despontar na elite.

Agora, aos poucos o time tenta se reconstruir. Depois do título da Prima Divisione (3ª divisão), o time surpreende na série B e está entre os que se classificariam aos playoffs que garantem vaga na Série A. Com um bom time e um bom comando técnico, não se surpreenda se em breve o time não volte a brigar entre os grandes. Mesmo sem ter o mesmo poderia de Juventus, Milan e Inter, o Verona ainda sim é um dos importantes times da Itália, basta comprovar. Títulos? Pra quem pouco comemorou, a volta a elite já basta. 

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