Futebol e justiça

Ainda bem que o futebol não é uma mesmice. O termo justiça é muitas vezes usado, mas não como se deveria. Usamos justiça para tentar mostrar alguma injustiça, coisa que no futebol tem muito, porém essa injustiça não pode e nem vai tirar a graça do jogo.

Assim pode se resumir Barcelona e Chelsea. Mesmo após a vitória em Stamford Bridge, o Chelsea não entrava como favorito, e eles sabiam disso, tanto que mesmo no primeiro jogo lutaram para ao menos empatar e ainda assim saíram vitoriosos. Nessa terça, no Camp Nou, o Barcelona teria a duas difíceis missões: reverter a desvantagem e tentar manter a tranquilidade num dos momentos mais complicados que o time de Pep Guardiola vive, sem vencer a dois jogos.

Sabendo que o Chelsea só se defenderia, o Barcelona não poupou esforços em atacar, quase nem se preocupando em defender. A estratégia deu certo quando Busquets abriu o placar, aos 35 minutos. Ainda se recompondo do gol sofrido, os blues levam um duro golpe com a expulsão - tola -  de Terry. Minutos depois o segundo gol barcelonista sai dos pés de Iniesta.

Muitos já davam o jogo como definido - me incluo nessa lista. Já nos acréscimos do primeiro tempo, Ramires surge no meio da defesa do Barcelona e dá uma cavadinha, à la Messi e desconta, deixando a vaga nas mãos do Chelsea.

Precisando da vitória o Barcelona saiu para o jogo mas não conseguia furar a defesa do Chelsea que se defendia com quase todos os jogadores. A chance veio logo aos três da segunda etapa, mas Messi - ou alguém que vestia aquela camisa, pois não era nem sombra do brilhante jogador - chuta no travessão o pênalti que daria a vaga aos blaugranas.

O Chelsea soube se defender e já nos acréscimos ainda conseguiu marcar com Fernando Torres, só para mostrar o quão estranho pode ser o futebol, uma vez que Torres sempre foi questionado, desde que chegou ao clube londrino por não marcar gols e fazer valer os 50 milhões de euros investidos nele. Com o gol, acho que esse papo acabou.

Final de jogo e Barcelona fora. Um cenário quase trágico, afinal o melhor time do mundo - sim, ainda continua sendo - foi melhor os dois jogos, mas o Chelsea acabou sendo mais eficiente. Muitos vão falar que não foi justo, mas isso é o futebol. Se futebol e justiça estivessem lado a lado, a graça no esporte acabaria. Jamais veríamos os pequenos surpreenderem, jamais veríamos um time se superar, jamais veríamos os jogos emocionantes, enfim, jamais veríamos a essência do futebol.