04/01/2012

São Marcos eterno

Post que me levará muito mais pela emoção do que pela razão. Como palmeirense não posso deixar de falar do maior ídolo que tenho.


Não me lembro de sua chegada. A primeira imagem que tenho de Marcos é na Libertadores de 1999, no jogo das oitavas de final, contra o Vasco, mais precisamente o segundo jogo. Depois veio a incrível quartas de final contra o Corinthians, na qual Marcos começava seu processo de canonização, principalmente após defender o pênalti de Vampeta. Na semifinal, duas grandes partidas contra o River Plate e a tão sonhada final ante o Deportivo Cali.

Lembro-me de ver o jogo escondido da minha mãe, já devido à pouca idade na época (9) raramente via os jogos de quarta a noite. Na hora que Zapata errou, contive o grito, mas não o choro. Acho que foi a primeira vez que chorei vendo jogo do Palmeiras e toda vez que lembro daquele jogo me vem à cabeça a imagem de Marcos correndo com os braços abertos em direção a torcida.

No ano seguinte, lembro bastante da Libertadores. Antes do jogo do Corinthians, teve o jogo contra o Cruzeiro, onde, no Mineirão, Marcos pegou dois pênaltis que ajudaram o Verdão a se classificar. Da semifinal, é até um chavão eu falar. Só tenho a dizer que aquele lance, aqueles instantes que levaram o chute de Marcelinho a encontrar o pulso direito de Marcos foi uma das grandes emoções que já tive no futebol, se não for a maior. O mito estava criado.


A grande fase de Marcos o levou à seleção. Lembro-me até hoje de sua primeira defesa, em um jogo contra o Uruguai, após uma cabeçada de sei lá quem e o Santo dá um salto enorme para mandar a bola para escanteio. Casagrande, comentarista da TV Globo disse no momento que a defesa não foi tão difícil, mas Marcos aproveitou para mostrar serviço e estrear com grande estilo na seleção.

Não vou falar da Copa, pois, depois de ter Kahn como melhor goleiro mesmo após as grandes exibições de Marcos, que se dane a Fifa e tudo mais. Até porque foi depois da Copa que São Marcos virou ídolo eterno da torcida palmeirense. Mesmo com o time rebaixado para a série B, o arqueiro recusou uma proposta do Arsenal, para ficar no clube que realmente ama.

De lá pra cá, foram inúmeras contusões, prejudicando a sequência do goleiro com a camisa alviverde. Mesmo assim, entre sucesso e decepções, entre milagrosas defesas e vergonhosas aparições, Marcos se tornava um mito a cada ano que passava. Mas ainda era preciso mais um título.

No Paulistão de 2008, minutos antes de entrar em campo dá suas palavras na roda de jogadores. Quando ele fala que quebraria o pescoço mas não perderia da Ponte Preta, me arrepio. Choro a cada vez que vejo aquele vídeo. Nas oitavas de finais da Libertadores de 2009, vi o jogo contra o Sport na lanchonete da faculdade.  Saí de lá com lágrimas nos olhos após ver Marcão defendendo três cobranças de pênaltis, abraçado a vários palmeirenses.



Em momentos ruins do Palmeiras, sempre vi Marcos com compaixão. Seja na falha do Mundial de 1999 contra o Manchester, na furada contra o Vitória ou nas descidas enlouquecidas a fim de evitar a derrota contra o Grêmio no Brasileirão de 2009, teve o apoio da torcida alviverde.

Sempre quis ver um gol do nosso Marcos. Até teve a chance no campeonato brasileiro de 2011, na goleada sobre o Avaí. Com 4 a 0 no placar, um pênalti a favor do Palmeiras. Kléber traidor cede e a torcida pede, mas humildemente Marcos se recusa a cobrar.

Como diria o próprio, foda-se os números. Não me importa se ele o primeiro, segundo, quinto ou vigésimo jogador que mais vestiu a camisa verde, para mim, sempre será a inspiração para ser palmeirense e incentivar as novas gerações a serem alviverdes através dos vídeos das incríveis defesas do camisa 12. 

Mas, como nem tudo na vida é para sempre, chega o dia 4 de janeiro de 2012. Não há maneira de começar pior o ano. A notícia da aposentadoria de astro repleto de humildade e sinceridade deixa triste palmeirenses, corintianos, são-paulinos, brasileiros e todos aqueles que adoram futebol. O jogador parou, mas o ídolo, o mito, o Santo será eterno.

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